Olá pessoal do Porão Literário! Hoje vou compartilhar com vocês uma entrevista feita com Jack Noronha.
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1. A mente de Jamal é extremamente complexa, com múltiplas personalidades e memórias conflitantes. Como você desenvolveu esse aspecto psicológico do personagem?
Sem dúvida, a mente do Jamal foi a parte mais intensa e delicada de construir. Eu mergulhei em estudos sobre transtornos dissociativos e neurociência, mas o que realmente guiou esse processo foi uma experiência pessoal muito forte. Vivi algo assim bem de perto, com alguém da minha própria família. Isso me marcou profundamente e me despertou um desejo real de entender por que, às vezes, a mente humana precisa criar realidades paralelas pra suportar certas dores. Jamal não é complexo por acaso. Ele representa esse mecanismo de defesa que muita gente usa pra continuar existindo quando o mundo real se torna insuportável. O maior desafio pra mim foi dar verdade e humanidade a tudo isso, sem romantizar nem cair em estereótipos. Eu queria que o leitor sentisse, mais do que entendesse.
2. A história brinca muito com a linha entre realidade e ilusão. Quais foram suas inspirações para criar esse jogo entre memória, verdade e percepção?
Sempre fui fascinado por narrativas em que a mente vira um campo de batalha. Filmes como Memento, Efeito borboleta e livros como Clube da Luta e A Síndrome de Copérnico foram grandes referências. Mas, pra além da ficção, eu me inspirei muito na forma como a gente mesmo distorce memórias no dia a dia. Todo mundo já contou uma história de um jeito mais aceitável, já escondeu lembranças de si mesmo, mesmo que inconscientemente. Eu queria explorar essa linha tênue entre lembrança e autoengano. E provocar no leitor essa pergunta incômoda: até onde a nossa memória é confiável?
3. A trama mistura elementos de ficção científica e investigação. Foi difícil equilibrar esses dois gêneros sem perder o ritmo da narrativa?
Foi um desafio constante. Eu me considero um autor versátil, mas confesso que tenho uma queda natural pela ficção científica com muita ação. Então era fácil me empolgar e querer explorar esse lado mais dinâmico da trama. Mas eu sempre voltava pro ponto central: a jornada emocional do Jamal. Era isso que importava. A investigação funciona como motor, claro, mas ela só tem impacto porque revela as camadas internas desse personagem. O equilíbrio veio justamente dessa escolha consciente de usar cada elemento com propósito, pra não criar um quebra-cabeça técnico demais e perder o coração da história.
4. A relação de Jamal com Ítalo e Renata é central para a história. Como você trabalhou esses personagens para que impactassem tanto emocionalmente o protagonista e o leitor?
Cada personagem ao redor do Jamal foi pensado pra representar uma força emocional específica na vida dele. Ítalo é essa presença de apoio, uma espécie de parceiro confiável, mas que também gera dúvidas. Renata é a âncora emocional, alguém que tenta lembrar o Jamal de quem ele é, ou de quem ele era. Ana Clara, por outro lado, é um gatilho. Ela desestabiliza, traz à tona o que Jamal tenta esconder. E, claro, as próprias facetas internas do Jamal foram cuidadosamente construídas. Cada uma tem uma função narrativa e psicológica clara. Nada ali está por acaso. Eu quis que esses laços fossem sentidos na pele por quem lê, porque são eles que tornam o Jamal real.
5. A obra levanta questões profundas sobre memória, identidade e escolhas. Qual mensagem ou reflexão você espera que o leitor leve após terminar o livro?
Mais do que passar uma mensagem única, eu espero provocar reflexões. Quero que o leitor feche o livro se perguntando: o quanto da minha história eu realmente conheço? Porque As Memórias Perdidas de Jamal também fala sobre traumas, sobre violência emocional e psicológica, e sobre o que a mente faz pra se proteger disso tudo. Às vezes, esquecer é um mecanismo de sobrevivência. Outras vezes, lembrar é o único caminho pra se libertar. No fundo, esse livro é um convite pra encarar as partes escondidas de nós mesmos.




















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