Organizadores: Kiersten White
Editora: Plataforma 21
Páginas: 328
Ano de publicação: 2025
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Há trinta anos, um trágico acidente no set de filmagens pôs fim ao clássico programa infantil Mister Magic , deixando milhares de fãs desapontados. Três décadas depois, a produção ainda deixa saudades, inclusive para o antigo elenco de atores mirins – um grupo conhecido como “círculo de amigos”, agora formado por adultos que passaram a vida toda tentando recobrar a magia dos velhos tempos. Recuperar a sensação de estar entre amigos. Reconquistar a proteção do Mister Magic. Mas ao círculo de amigos restam apenas as memórias, já que não existe gravação remanescente do programa, nenhuma pista de quem o dirigiu e produziu, nem mesmo informações a respeito do amado apresentador. Por isso, quando o grupo é chamado para integrar um podcast sobre o programa, todos pensam ser a chance perfeita para reavivar as recordações.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Mister Magic: Os bastidores da ilusão lançado pela Plataforma 21. O livro é de autoria de Kiersten White e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
O nome Kiersten White já me era familiar. A autora costuma flertar com o sombrio em suas obras, e quando soube que ela havia escrito um suspense psicológico que envolvia um antigo programa infantil e memórias distorcidas, fiquei bem curioso. Afinal, tem como resistir a uma premissa dessas?
A história começa trinta anos depois do fim misterioso do programa infantil Mister Magic, que, aparentemente, foi cancelado após um acidente no set. Desde então, não restou nada: sem gravações, sem créditos de produção, sem registros do apresentador. Só o vazio e a memória difusa de quem um dia participou daquilo.
E é nesse clima que conhecemos o “Círculo de Amigos”, os ex-atores mirins do programa, agora adultos e marcados por lembranças que mais parecem cicatrizes. Eles são convidados a participar de um podcast que promete trazer luz ao passado. Mas, como sempre, quando se começa a cutucar o que está enterrado... coisas bizarras começam a emergir.
Confesso que comecei a leitura esperando algo mais próximo de um suspense convencional, com aquela pegada de investigação e tensão crescente. E, de certa forma, o livro entrega isso. Mas o que mais me chamou atenção foi como Kiersten White constrói a atmosfera. Tem algo de muito errado rondando aquele programa. A forma como as memórias dos personagens oscilam, como o passado parece ter sido cuidadosamente manipulado, deixa tudo ainda mais incômodo.
Mister Magic não assusta com monstros ou cenas grotescas. O terror aqui está na perda de identidade, na dúvida constante sobre o que é verdade e no quanto as pessoas estão dispostas a se apagar para se sentirem protegidas. É uma leitura que me fez pensar em como idealizamos certas fases da vida, e como, muitas vezes, o conforto da infância pode esconder mecanismos bem mais sombrios.
A narrativa tem um ritmo que cresce aos poucos. A primeira metade é mais densa, cheia de perguntas sem respostas, e talvez isso deixe alguns leitores impacientes. Mas, pessoalmente, achei que o mistério foi bem trabalhado e me manteve envolvido. O final pode causar divisões — ele não entrega tudo de bandeja — mas, pra mim, foi coerente com a proposta do livro: às vezes, não há como voltar ao que éramos. Às vezes, o que chamávamos de “magia” era só controle.
Leitura super recomendada pra quem curte thrillers psicológicos com aquela aura de mistério meio black mirror, meio creepypasta. E, acima de tudo, pra quem sabe que nem toda nostalgia é inofensiva.

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