Organizadores: Hannah Lynn
Editora: Excelsior
Páginas: 352
Ano de publicação: 2024
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Enquanto o resto da Grécia lamenta a guerra que levou os seus maridos embora, Clitemnestra teme o dia em que ela trará o dela de volta. Quando seu marido sacrifica voluntariamente a filha mais velha para apaziguar os deuses, Clitemnestra jura fazer o que for preciso para proteger os filhos restantes. Mas, ao fazer isso, ela corre o risco de perder todos. Uma história de amor, perda e traições amargas, A vingança dos deuses mostra que às vezes é preciso arriscar tudo para proteger quem você ama.Se você é fã de deuses vingativos e de ferozes rivalidades familiares, vai adorar esta história épica sobre a rainha mais formidável da Grécia antiga.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro A vingança dos deuses, lançado pela editora Excelsior. O livro é de autoria de Hannah Lynn e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
Não é de hoje que as mulheres da mitologia grega vêm sendo revisitadas com mais profundidade, mas o que Hannah Lynn faz em A Vingança dos Deuses é um acerto cirúrgico: ela pega Clitemnestra (por séculos reduzida a vilã vingativa) e a transforma numa figura trágica, ardente e complexa, cuja dor é tão humana quanto feroz.
Logo nas primeiras páginas, o tom é claro: enquanto muitas mulheres choram os maridos que partiram para a guerra, Clitemnestra já carrega o luto de algo muito mais íntimo, a morte da própria filha, Ifigênia, sacrificada por Agamenon em nome de ventos favoráveis e caprichos divinos.
A partir daí, tudo o que move essa mulher é a promessa de que ele não sairá impune. Mas a beleza da narrativa está justamente em não se tratar de uma história de vingança pura e simples. Lynn mergulha nos dilemas da maternidade, da dor e da fúria silenciosa que se acumula até transbordar.
Vivo dizendo que ela constrói uma Grécia vívida, em que o sagrado e o profano se misturam no cotidiano. Os deuses estão por toda parte, mas não como guias: são forças arbitrárias, às vezes cruéis, que exigem demais de quem menos tem a oferecer. E é nesse cenário que Clitemnestra tenta manter sua família de pé, mesmo quando tudo ao redor parece determinado a desmoronar.
O ritmo da narrativa é muito gostosa, equilibrando muito bem a tensão política, o drama familiar e a fragilidade dos afetos. A escrita de Hannah é fluida, com diálogos quase que líricos e uma atmosfera densa que nos prende não só pelo que está acontecendo, mas pela angústia de tudo o que está prestes a acontecer — ainda mais pra quem já conhece o fim da protagonista.
O maior mérito de "A Vingança dos Deuses", porém, é dar carne e alma a uma mulher que a tradição preferiu pintar como monstro. Aqui, Clitemnestra é mãe, rainha, amante e, acima de tudo, sobrevivente. Sua fúria não é um desvio moral: é consequência de um mundo em que amar também é perigoso.
Se você gosta de histórias com sangue nas mãos, mas também com coração no peito, essa leitura é pra você. Clitemnestra não quer piedade — quer justiça. E Hannah Lynn entrega uma narrativa à altura dessa mulher que ousou desafiar homens, reis e deuses.
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