6 de outubro de 2025

RESENHA: IMPERTINENTE

 

 


Organizadores: Adriano Chastel 
Editora: Libertinagem
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O fenecer silenciado pelo crepitar do cerrado e das florestas incendiadasFaltarão quatis e pacas para a semeaduraTambém faltarão as flores para gerar os frutosAs abelhas faltarão para polinizar as floresE se restar algum enxame faltará o oco de um ipê ou pequizeiro para a colmeia.A terra seca e queimada sem seu manto de folhas e fungosQuando a chuva voltarNão beberá destas gotasE a enxurrada cinza e morta vai matar o que restou de peixes e bichos d’aguaSe a terra não enche a barriga de águaQue água o homem, o boi, o cavalo e o agro estúpido haverão de beber?Com que água regaremos nossas hortas, nossas roças de feijão e mandioca?As laranjas e as canas como crescerão ?Qual será a água do pão e do vinho?Como os cristãos comungarão o seu Cristo? Como batizarão os seus filhos?Se o Pantanal e a amazônia não transbordarem no verão de onde virá a água para a selva de pedra da Paulista, para os homens de negócios da Bovespa?Quem vai querer Brasília quando tudo for deserto no planalto central?A destruição da natureza (que as tvs colocam tão distante de nós) vem acompanhada, da fome, das doenças e pestes.A próxima Era será a Era da desolação ?"


Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro  Impertinente, de Adriano Chastel, lançado em agosto de 2025 pela editora Libertinagem. A resenha foi escrita por Leonardo Santos.






Nesta coletânea de poemas, o autor nos convoca a deixar de lado os versos doces e macios para encarar uma realidade sombria e urgente. A obra é um chamado à ação, um convite para compor barricadas e armadilhas com versos molotóvicos para corações tépidos. Desde o primeiro poema, Chastel deixa claro que seu canto brota entre um sussurro e o silêncio fúmego para denunciar um sistema onde o lucro está acima de tudo.


Impertinente é uma obra que mergulha nas fraturas sociais e ambientais do nosso tempo. Chastel não tem medo de apontar o dedo para a exploração do trabalhador em jornadas intermináveis, a destruição da natureza em nome do agronegócio e a violência sistêmica que silencia minorias. Em poemas como "Mil pés de planta", ele expõe o dilema de quem sonha em reflorestar, mas é engolido pelas demandas de sobrevivência e pela lógica de que a natureza "é inútil" ou "faz sujeira".

Ao longo das páginas, Chastel questiona a indiferença da sociedade e a hipocrisia de um mundo que se choca com a violência televisionada em terras distantes, mas ignora a sangria que ocorre perto de nós. Ele encontra honra em marchar ao lado dos pobres, dos fracos, dos loucos, dos invisíveis. É uma poesia forjada no chão de fábrica, com mãos já marcadas de soldas e esmeril.

Seria fácil descrever Impertinente apenas como um livro de poesia de protesto, mas a obra vai além. Chastel revela a alma de um poeta que se sente um náufrago em si, inundado pelo sofrimento do mundo, mas que ainda assim encontra forças para lutar e nos convidar à revolução. A escrita é crua, direta e profundamente humana.

Me encantei pela brutalidade honesta de Chastel. Em um cenário de curtidas vazias e meritocracias desiguais, a sua poesia soa como um grito necessário. O sentimento que ficou é o de urgência! Eu me apaixonei por este livro e por sua coragem de ser impertinente. Por favor, leiam

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Leonardo Santos



Olá leitories! Meu nome é Leonardo Santos, tenho 28 anos, sou de São Paulo mas atualmente estou em Guarulhos cursando Letras! Minha paixão pela leitura começou desde muito cedo, e é um prazer compartilhar minhas leituras e experiência com vocês!

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