Organizadores: Hud Cunha
Editora: ViseuCompre através deste link.
“Nas páginas seguintes, você encontrará uma coleção de poesias que escrevi para juntar meus próprios pedaços. Não há reconstrução sem morte, logo é preciso exorcizar a dor vivendo-a. Mergulhei nos meus sentimentos mais íntimos, nos meus dilemas existenciais e nas minhas angústias cotidianas. Os poemas transitam entre o real e o imaginário, explorando a linha tênue entre sentimentos e ações. Vivo num transe entre as coisas, / Uma linha tênue entre sentimentos e ações, em uma luta constante para encontrar significado no vazio e na plenitude da vida."
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro O tratado dos opostos, de Hud Cunha, lançado pela editora Viseu. A resenha foi escrita por Leonardo Santos
Em uma jornada íntima e dilacerante, Hud nos convida a mergulhar em suas poesias como quem junta os próprios cacos. O livro é um compilado de poemas que passeiam entre o real e o imaginário, explorando a linha tênue que separa sentimentos e ações. É um exorcismo da dor através da própria vivência dela, uma busca por significado tanto no vazio quanto na plenitude da vida.
A obra transita por temas como a angústia da existência, a ansiedade que busca no futuro uma explicação para o presente e a sensação de um potencial não realizado, um sentimento de quase ter vivido e quase ter sido feliz. O amor também é um pilar central, dissecado na sua dualidade entre o ideal e o real, o fraterno e a paixão que corrompe.
Mas o livro vai além da poesia e nos entrega uma confissão brutal do autor. Hudson Cunha narra sua própria batalha contra a ansiedade, a depressão e o TOC, descrevendo-os como uma febre sufocante que nunca cede. Ele nos conta sobre sua primeira crise aos 14 anos, a pressão de descobrir a sexualidade em um colégio católico só para meninos e a luta para se encaixar.
A dor da rejeição, os medos e a culpa são fantasmas que o acompanham, culminando em uma jornada de autoconhecimento que o leva até a Índia, onde ele aprende a encarar a vida a partir da compreensão de seus extremos.
Brutal! Uma das leituras mais honestas desse ano aqui no Porão. Seria simples descrever "Tratado do oposto" como uma coletânea de poesias, mas isso diminuiria a força e a vulnerabilidade que o autor impregna em cada página. A coragem de se expor de forma tão crua é o que torna a obra tão impactante.
Fiquei fascinado pela forma como Cunha transforma suas feridas em arte. A ideia de que a reconstrução exige primeiro uma morte simbólica reverbera por todo o livro, e vemos o autor se despedaçar para depois se refazer, um pedaço de cada vez. A viagem à Índia não é apenas um deslocamento geográfico, mas um mergulho profundo em si mesmo, uma tentativa de encontrar a paz em meio ao caos.
A cada poema, sentimos a urgência de um eu que anseia por ser completo, que luta contra seus próprios monstros internos. Em "Guerra Íntima", ele descreve a mente como um campo de batalha , enquanto em "Medos, Traumas e Segredos", ele cataloga os temores que o assombram, como o pavor da mediocridade e de não ser amado.
O livro é um convite à reflexão sobre nossas próprias dores e a forma como lidamos com elas. É sobre entender que o espaço para a alegria só é liberado quando sentimos a dor em sua totalidade. Eu me apaixonei por essa obra e por sua mensagem poderosa de que, mesmo em pedaços, é possível encontrar beleza e força.

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