Organizadores: Paulo Souza Filho
Editora: IndependenteCompre através deste link.
“Nas fronteiras da infância, Amanda esbarra numa cena que ultrapassa o limite de seus olhos, instante que projetará sombra perene, marcando sua maneira de viver, desejar e buscar aquilo que não sabe nomear. No quintal compartilhado, os vizinhos se descobrem, tingindo as relações de fascínio, culpa e rivalidade. Entre prenúncios, clarões e silêncios, vagueia uma figura ambivalente, familiar e estranha, proteção e ameaça. A obra abre espaço para o que não se explica, um real que retorna incessante, dissolvendo os limites entre o vivido e o sobrenatural, como se a própria vida fosse reencenação, palco onde o indizível sempre encontra um jeito de se repetir."
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Sete palmos na terra da alma, de Paulo Souza Filho, lançado de maneira independente. A resenha foi escrita por Leonardo Santos.
A história se passa em uma pequena cidade chamada Alto da Serra e nos apresenta a Amanda, uma garota que, ainda na infância, testemunha uma cena que a marcará para sempre. Esse evento, ocorrido no quintal que divide com os vizinhos, lança uma sombra sobre sua vida, ditando sua forma de ver o mundo, de se relacionar e de buscar algo que ela nem mesmo consegue nomear.
Nesse espaço compartilhado, as relações entre os vizinhos se desenvolvem, misturando fascínio, rivalidade e uma culpa que parece impregnar o ar. Em paralelo, nós conhecemos Lúcio, um vizinho que vem de um lar marcado pela violência e abuso; e Amália, uma garota que acaba por se mudar do Alto da Serra.
Em meio a tudo isso, uma figura misteriosa e ambivalente se move entre as sombras, ao mesmo tempo familiar e estranha que brinca com os limites entre o real e o que parece ser sobrenatural.
Que história incrível! Seria muito fácil dizer que essa foi uma ótima surpresa que tive na reta final desse ano, mas isso não seria suficiente para exaltar a profundidade e a delicadeza com que Paulo, o autor, constrói essa narrativa.
Fiquei encantado pela forma como a história me prendeu desde o primeiro capítulo, seja pelo choque de Amanda ao se deparar com aquela cena que modifica a forma como ela vê as coisas e, principalmente, sua relação com Lúcio e Amália. Os capítulos são curtos, o que aplica ainda mais dinamismo a obra.
Além de Amanda, conhecemos seus vizinhos, personagens que acabam por compartilhar seus pontos de vista na narrativa. Os três são construídos com camadas que mostram o cuidado do autor em não criar figuras rasas. Cada um tem seu papel no fascínio e na angústia que permeiam o quintal, e os diálogos entre eles dizem muito mais nas entrelinhas do que nas palavras ditas. Essa dinâmica dá um tom único à leitura.
O ritmo do livro é excelente, mesclando a voz poética do narrador com a coloquialidade das conversas, o que torna a experiência muito fluida e imersiva. E o mais incrível é como o autor mistura lendas e tradições locais através dos relatos dos personagens, criando uma espécie de realismo fantástico que deixa tudo ainda mais potente. A qualidade da escrita é tão boa que me lembrou grandes nomes como Itamar Vieira Junior em Torto Arado, por exemplo. Eu me apaixonei por esse livro e por toda a sua conexão com o leitor, por favor, leiam.

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