Organizadores: Lucas Pergon
Editora: Independente
Páginas: 40
Ano de publicação: 2025
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A Nomeação integra a trilogia burocrática de Lucas Pergon: se O Burocrata (romance) apresentou o retrato maduro e desiludido do servidor público veterano, e seus contos as múltiplas facetas e personagens desse universo, A Nomeação captura o momento de iniciação, o rito de passagem que transforma cidadãos em engrenagens da máquina administrativa.Cada obra funciona independentemente, mas juntas criam um panorama abrangente e devastadoramente preciso da realidade administrativa nacional.Com A Nomeação, Lucas Pergon avança no seu ciclo literário e se estabelece como referência obrigatória para compreender a burocracia brasileira através da ficção. A trilogia - romance, contos e novela - demonstra a versatilidade do autor em explorar o mesmo universo através de diferentes formas narrativas, cada uma revelando aspectos únicos dessa realidade complexa.Pergon prova que a literatura pode ser simultaneamente entretenimento e denúncia, arte e documento social, confirmando-se como uma das vozes mais importantes da ficção brasileira contemporânea.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro O Burocrata — A nomeação, lançado de forma independente. O livro é de autoria de Lucas Pergon e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
Pra quem me acompanha por aqui, talvez o nome já soe familiar, até porque eu já tinha comentado um pouco sobre esse universo criado pelo autor, que mistura crítica social, suspense e uma atmosfera quase kafkiana. Agora, com A Nomeação, Lucas aprofunda ainda mais essa engrenagem da máquina pública, mostrando o momento em que tudo começa: o ingresso dos novos servidores.
A história acompanha Felipa e Célio, recém-aprovados em um edital para auditores. No início, há aquela euforia da conquista, mas logo a expectativa dá lugar à inquietação. A partir do contato com Alberto, um funcionário veterano, eles começam a perceber que há algo errado: pequenas distorções, jogos de poder, decisões que escapam à lógica. Quando Alberto se nega a participar de certas práticas, o sistema inteiro parece se voltar contra ele, e o leitor sente, junto com os personagens, o peso de uma estrutura que engole quem tenta resistir.
O que mais me impressiona na escrita do Lucas é a precisão com que ele traduz a burocracia brasileira em ficção, sem perder ritmo ou densidade. A experiência dele no serviço público transparece na maneira como constrói diálogos, descreve ambientes e insinua os mecanismos de controle invisíveis, tudo isso em apenas 40 páginas. É um texto curto, mas que reverbera muito depois da leitura.
A Nomeação funciona perfeitamente de forma independente, mas, dentro da trilogia, cumpre o papel de rito de passagem, mostrando o ponto de entrada nesse universo tão peculiar e sufocante. Se O Burocrata era o olhar maduro e desencantado do servidor veterano, aqui vemos o início de tudo: o momento em que o idealismo começa a ser corroído pelas engrenagens do sistema.
Lucas Pergon prova mais uma vez que a literatura pode ser arte e denúncia ao mesmo tempo, combinando crítica social com uma prosa elegante e envolvente. A Nomeação é uma leitura rápida, mas poderosa, que confirma o autor como uma das vozes mais consistentes da ficção brasileira contemporânea.
Fica a dica pra quem gosta de histórias inteligentes, com camadas de ironia, tensão e reflexão sobre o país em que vivemos.



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