A rosa mais vermelha desabrocha: o amor nos tempos do capitalismo tardio ou por que as pessoas se apaixonam tão raramente hoje em dia evoca e discute exatamente àquilo que o longo título da obra se propõe a fazer: uma análise a respeito de como deixamos a contemporaneidade atingir a forma como nos relacionamos com outras pessoas.
Liv Strömquist é uma quadrinista de mão cheia, isso fica bem aparente ao começarmos a leitura do exemplar, sendo que este já é seu quarto trabalho publicado pela Companhia das Letras através do selo "Quadrinhos na CIA" - sendo um de seus mais famosos a HQ "A origem do mundo". Bom, nessa sua história a autora inicia a discussão com um exemplo bem interesse e até mesmo cômico: a vida amorosa de Leonardo DiCaprio.
DiCaprio aparentemente tem uma vida amorosa bem corrida, visto que é bem comum vê-lo com uma parceira diferente em uma frequência até mesmo assustadora, essas mulheres tem geralmente metade da idade do astro de cinema e é a partir desses pontos que Liv se pergunta: entramos em um relacionamento para valorizar e amar o outro ou para massagearmos nosso próprio ego?
Além disso, a autora coloca uma série de outros questionamentos que mostram como a nossa cultura de consumo em massa e imediatismo do prazer nos torna tão dependentes de um novo estilo de relacionamento narcisista que acaba mais glorificando o próprio eu do que a união com o outro.
Liv consegue evidenciar todos os pontos de uma forma muito precisa, nos levando a uma viagem pelo tempo e pelo espaço para teorizar sua percepção a respeito do relacionamento contemporâneo. Sua leitura não chega a ser pessimista, mas ela é bem crua no que diz respeito a forma como tratamos um relacionamento como um produto, que caso venha com algum "defeito" nós simplesmente enviamos para a "troca", todos esses termos são explorados mais a fundo durante a leitura.
Eu gostei MUITO dessa leitura, ao receber o exemplar fiquei meio receoso da autora ser muito simplista em seu diálogo, apresentando apenas o senso comum a respeito de um assunto que já tomou diversas rodas de conversa ao redor do mundo, mas não! Liv explora a temática a fundo e contextualiza com exemplos bem atuais (até as músicas da Beyoncé entram).
Já com relação a edição, eu simplesmente estou apaixonado! O material é de ótima qualidade e a diagramação está muito boa, até ajuda a aliviar um pouco a densidade do texto mais teórico que a autora coloca entre seus exemplos.
Leo!
ResponderExcluirTenho ficado bem orgulhosa das HQs que tem surgido no mercado, trazendo sempre assuntos importantes e aqui, bem abordado, sem romantização e de forma crua. Muito bom!
cheirinhos
Rudy
Ah como eu amo uma Graphic! Amo de todo o meu coração e não vejo a hora de poder ter essa lindeza em mãos!
ResponderExcluirOs traços são lindíssimos e condizentes com o enredo, que deve tocar a alma de quem a lê e vê!!!
Beijo
Angela Cunha/O Vazio na flor