Organizadores: Alexandre Fonseca
Editora: Suik
Páginas: 90
Ano de publicação: 2024
Compre através deste link.
A vida de Luiz Otávio desabou em uma semana, perdendo o amor, o emprego e a família, mergulhando em um luto interior. Em busca de reação, ele enfrenta os desafios de sua alma e questiona seu futuro.Até que ponto podemos mudar nossa trajetória? O livre arbítrio se confronta com odestino, enquanto ele busca respostas e descobre novos caminhos.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Parte de mim vai embora, lançado pela editora Suik. O livro é de autoria de Alexandre Fonseca e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
"Afinal, por que escrevo? Essa parece uma daquelas perguntas de vestibular, feitas propositalmente em aberto para gerar questionamentos internos. Escrevo porque me sufoca, me falta o ar, uma mão invisível aperta minha jugular até que eu quase desfaleça. Mas não me calo, pois que convivam com o desconforto da minha simples e mortal existência."
A vida de Luiz Otávio desmorona em um curto espaço de tempo. Aos 45 anos, ele se vê à deriva: perde o pai sem a chance de uma despedida, o casamento chega ao fim e a estabilidade profissional se dissolve, substituída por uma juventude mais barata e ágil. A solidão, antes ignorada, agora se impõe como uma presença inescapável.
Retornando à antiga kitnet, um espaço que carrega as marcas do passado, Ota precisa reconstruir não apenas sua rotina, mas também a si mesmo. Seu relacionamento com Theo, o filho, é frágil, reflexo de uma paternidade ausente e dos erros que se repetem de geração em geração. No entanto, mesmo em meio ao caos, há espaço para renascimentos, ainda que o caminho seja árduo.
“Tenho inteira ciência de que escrevo uma história que ainda não existe. Não de uma maneira reta, palpável, palatável. Na minha cabeça, o bolo é intragável; eu mastigo tudo, até triturar em mil pedaços e mesmo assim, não desce.”
Bom gente, esse livro é sobre recomeços e sobre o peso das relações que moldam quem somos. O livro mergulha nas complexidades dos laços familiares, destacando a difícil, mas necessária, jornada do perdão e da autodescoberta. Aqui, não há heróis impecáveis nem redenções fáceis – apenas pessoas falíveis tentando encontrar um propósito em meio às tempestades da vida.
Fiquei impressionado com a forma como esse relato se desenvolve nas suas noventa páginas, eu li esse livro de uma vez só. A leitura é sim fluída pois ela é impulsionada pela escrita poética do autor, que dá à narrativa um tom reflexivo e emocional.
A obra nos faz revisitar nossas próprias relações, convidando à empatia e ao entendimento do outro. Além disso, traz uma representatividade significativa ao abordar a vivência de uma Pessoa Com Deficiência (PCD) em todas suas alegrias, reflexões e dificuldades.
“Trago na alma o signo de ter experimentado o abandono, o desamparo e o despreparo, para então renascer. Meu terapeuta diria que eu acabei de definir o que era resiliência vivida na pele.”
No fim, o livro nos lembra da importância de valorizar aqueles que nos cercam, além de se configurar como um relato sensível sobre perdas, reconciliação e a busca pelo que realmente importa.