RESENHA: A MORTE NOS OLHOS

 

Organizadores: Jean-Pierre Vernant

Editora: Unesp

Páginas: 565

Ano de publicação: 2024

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Neste livro, Jean-Pierre Vernant investiga como os gregos procuravam representar o divino. Centrando-se especialmente nas representações de Ártemis, da Górgona e de Dioniso, busca chaves para decifrar o enigma que parece uni-las. Pelo viés da antropologia histórica, revelam-se as dimensões religiosas, culturais, políticas e sociais que envolvem e permeiam essa simbologia, indispensáveis para compreender o papel particular que essas divindades desempenhavam na vida dos antigos gregos.

 

Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro A morte nos olhos: A figura do Outro na Grécia Antiga, lançado pela editora Unesp. O livro é de autoria de Jean-Pierre Vernant e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.  

Se você, assim como eu, é apaixonado por tudo que envolve a Grécia Antiga, essa leitura vai te deixar mais apaixonado ainda — provavelmente! Isso porque nesse livro, Vernant investiga a figura do “Outro” na mitologia e no imaginário grego, explorando como seres como as Górgonas, os centauros e outras figuras monstruosas eram usados para representar o que fugia do ideal humano. 

Mas ele vai além do mito: ao analisar temas como o medo do estrangeiro, o fascínio pelo desconhecido e as fronteiras entre o humano e o divino, Vernant traça um paralelo entre o que os gregos antigos temiam e admiravam em seu “Outro”. Essa análise detalhada nos leva a refletir não apenas sobre o passado, mas também sobre como nossas sociedades contemporâneas tratam o diferente.  

O que mais me encantou foi a profundidade das análises de Vernant. Ele mergulha nos mitos clássicos, como o de Medusa e Perseu, para mostrar como o olhar – tanto o nosso quanto o deles – carrega poder e simbolismo. A imagem de Medusa, por exemplo, é explorada como uma metáfora para o confronto com o desconhecido, com o “Outro” que pode tanto fascinar quanto destruir. Já histórias como a dos centauros revelam o temor dos gregos por aquilo que não se encaixava em suas noções de ordem e civilização.  

Além da análise mitológica, o livro também discute como esses conceitos de alteridade estavam ligados à política e à filosofia grega. O “Outro” não era apenas o monstro mitológico; ele também podia ser o estrangeiro, o bárbaro ou até mesmo o deus, cuja diferença era, ao mesmo tempo, venerada e temida. Vernant é brilhante ao conectar esses elementos e nos mostrar como a Grécia Antiga não apenas moldou nossa visão de mundo, mas também nossas narrativas sobre o que é ser humano.  

Se você busca uma leitura que desafie sua visão sobre mitologia e te faça enxergar os mitos de uma forma completamente nova, "A morte nos olhos" é indispensável. O texto é denso, mas a escrita de Vernant é tão rica que você sente que está desvendando os segredos mais profundos da Grécia Antiga. Para quem ama mitologia e reflexões sobre o passado que dialogam com o presente, esse livro é simplesmente imperdível!