Organizadores: Giulianno Liberalli
Editora: Independente
Páginas: 34
Ano de publicação: 2025
Quantas vezes nos deparamos com situações em nossas vidas que acabamos associando a passagens ou a personagens bíblicos? Diversas, não é? Pequenos Contos Cristãos reúne quatro contos baseados em alguns dos grandes nomes da bíblia e no significado das suas histórias: Jonilson, um homem que perdeu todos os entes queridos na pandemia e que encontrou um novo caminho de recuperação em meio a dor; Pastor Amitai, ele recebeu o desígnio de seguir para uma missão em um lugar que não era do seu agrado e tentou se esquivar do seu caminho; Jeremias, um soldado que testemunhou um delito envolvendo seus superiores, colocando-o em uma questão complicada sobre expor a verdade ou não;Souza, ele tinha o ardente desejo ser líder de uma grande empresa acima de qualquer coisa, porém a conquista dessa posição valeria mais do que tudo?No final um conto extra que apresenta a seguinte questão: Nossos destinos são resultados das nossas escolhas ou somos peças de um jogo celestial em um tabuleiro cósmico? Essa é a proposta de Um Tabuleiro de Xadrez, Deus e o Diabo.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Pequenos Contos Cristãos, lançado de maneira independente. O livro é de autoria de Giulianno Liberalli e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
Pra começar, eu não costumo ler literatura cristã, mas confesso que fui surpreendido de uma forma muito positiva. "Pequenos contos cristãos" é composto por quatro contos principais e um conto extra. Todos eles têm como ponto de partida personagens ou passagens bíblicas, mas o foco aqui não é a religiosidade em si. O que brilha mesmo são os conflitos humanos, os dilemas éticos e emocionais que poderiam acontecer com qualquer pessoa, em qualquer época.
O primeiro conto, sobre Jonilson, traz a dor de alguém que perdeu tudo na pandemia e precisa encontrar um novo jeito de seguir. É simples, sensível e muito real. Já Pastor Amitai carrega aquele dilema clássico de quem tenta fugir de uma missão incômoda, mas inevitável. A metáfora é clara, mas o que fica é o desconforto de encarar o que a vida te pede (mesmo quando você preferiria seguir por outro caminho).
O conto de Jeremias, um soldado que presencia um crime, talvez seja o mais forte nesse sentido. Ele se vê dividido entre a lealdade e a verdade, e o texto não oferece respostas fáceis. Também não impõe julgamentos, só apresenta o conflito de forma crua e nos obriga a pensar: e se fosse comigo?
Souza, por sua vez, é o retrato da ambição desmedida. Um personagem que está disposto a tudo por poder, mas que acaba encontrando muito mais do que esperava. Não é um conto sobre punição, mas sobre consequência. E isso muda bastante o impacto da leitura.
O conto extra, "Um Tabuleiro de Xadrez, Deus e o Diabo", amarra todos esses temas com uma proposta mais ampla: até que ponto controlamos nossos destinos? Existe escolha real ou somos movidos por algo maior, invisível?
Mesmo sem ter familiaridade com o universo cristão, eu me conectei com todos os personagens. Isso porque o que move o livro não é a fé em si, mas os conflitos que surgem diante da dor, da dúvida, da ambição e da responsabilidade. É uma leitura rápida, mas que provoca. Daquelas que você termina e continua pensando.