19 de junho de 2025

RESENHA: VELHICE SINISTRA

 


Organizadores: Gil Camargo
Editora: Ipê das Letras 
Páginas: 183
Ano de publicação: 2025
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Atravessar o período mais conturbado da vida brasileira e ter, no meio dessa jornada, perdido o pai, amigo querido, me instigou a escrever sobre o envelhecimento retratando-o através de memórias, perdas e reflexões sobre a passagem do tempo. Busco explorar o luto, as relações conflitantes mas saborosas entre amigos oferecendo os testemunhos todos da experiência de quase sete décadas de vida. Principalmente antagonizando fragilidades com as necessárias resistências. O objetivo da narrativa é, através de quatro amigos, mostrar o processo de envelhecimento, de perda, de amarguras e decepções, sem detrimento de descobertas, paixões e alegrias. Tento descrever encontros e reencontros entre amigos que têm em comum a busca pela solidariedade, pela inclusão e respeito às pessoas através do afeto. Alternando humor, prazer e melancolia, faço um convite à reflexão e à recuperação dos momentos marcantes vivenciados pelos personagens. Entendo que neste livro a velhice é retratada de maneira realista e dolorosa, mas também respeitosa. Não há intenções de romantizar o envelhecimento e sim apresentá-lo como um processo inevitável que requer aceitação e, às vezes, resignação. Por fim o livro pretende ser


Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Velhice Sinistra, lançado pela editora Ipê das Letras. O livro é de autoria de Gil Camargo e a resenha foi escrita por Leonardo Santos. 


Aqui acompanhamos a trajetória de quatro amigos: Nádia, LP, Vlad e Pedro, da juventude até a velhice, enquanto o Brasil também se transforma ao fundo. As mudanças pessoais caminham lado a lado com os ciclos históricos do país, servindo de pano de fundo para a vida desses personagens. Gil Camargo, autor da obra, partiu de uma inspiração bastante pessoal: queria retratar o envelhecimento em um dos períodos mais conturbados da história brasileira.

O que mais me tocou em Velhice Sinistra foi justamente a maneira como o livro trata o envelhecer. Não espere romantizações. A abordagem é direta, “realista e dolorosa, mas também respeitosa”. Camargo não tenta suavizar a realidade, mostra a velhice como algo inevitável, que muitas vezes exige aceitação e até certa resignação. E é nessa honestidade que a narrativa se fortalece.


A grande sacada do autor está em costurar a história dos personagens a partir de uma perda. É esse ponto de dor que dá início ao romance. A partir daí, a narrativa se move entre passado e presente, nos levando por diferentes momentos da história recente do país: da ditadura militar, com sua sombra e incertezas, até os dias atuais, sempre marcando como esses acontecimentos deixam marcas profundas em toda uma geração.

E ainda tem mais. A pandemia de COVID-19 também encontra espaço na trama. A experiência coletiva de isolamento e incerteza aparece na narrativa como um reflexo desse tempo suspenso, em que o presente parece congelado e tudo nos obriga a projetar a vida para o futuro. Isso adiciona à história uma camada de melancolia e urgência — a percepção do tempo muda, e os personagens sentem isso na pele.


Apesar de todas as dores e turbulências, o livro também é uma celebração: das amizades, das memórias e daquilo que nos mantém de pé quando tudo parece ruir. As lembranças dos protagonistas se tornam um verdadeiro tesouro, ajudando a atravessar os momentos mais duros e resgatando conexões essenciais.

Velhice Sinistra é uma leitura forte e necessária. Se você procura um livro que fale, com sensibilidade e sem filtros, sobre o envelhecimento, as relações humanas e o Brasil, este merece estar na sua lista.

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Leonardo Santos



Olá leitories! Meu nome é Leonardo Santos, tenho 28 anos, sou de São Paulo mas atualmente estou em Guarulhos cursando Letras! Minha paixão pela leitura começou desde muito cedo, e é um prazer compartilhar minhas leituras e experiência com vocês!

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