Organizadores: James Naylor Green
Editora: Unesp
Páginas: 576
Ano de publicação: 2024
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Nos ensaios que compõem este volume, James N. Green se debruça sobre seus temas de pesquisa mais caros, a saber, o movimento LGBTQIA+ e o período da ditadura militar brasileira, sem se afastar do tom pessoal e da prosa fluida que lhe são característicos. Trata-se de uma obra que já nasce como referência para todos que estudam ou têm curiosidade sobre o tema.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Escritos de um viado vermelho: Política, sexualidade e solidariedade, lançado pela editora Unesp. O livro é de autoria de James Naylor Green e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
Ao entrelaçar memórias pessoais, reflexões acadêmicas e análises políticas, Green cria um conjunto de ensaios que faz um panorama sobreo movimento LGBTQIA+. Conhecido por seu trabalho como historiador e ativista, o autor utiliza suas próprias experiências para explorar questões como sexualidade, identidade e luta política em contextos tão diversos quanto os Estados Unidos e o Brasil.
O título já indica o tom provocativo e confessional da obra. "Viado vermelho" remete à interseção entre a militância LGBT e a tradição da esquerda, um espaço que Green ocupa com naturalidade e complexidade. O livro é um mosaico de relatos que revelam os desafios de ser um homem gay assumido nos Estados Unidos dos anos 1970 e, posteriormente, um estrangeiro envolvido na cena política brasileira durante a ditadura militar.
A escrita de Green é carregada de honestidade e ironia, ele compartilha episódios de sua vida com um olhar crítico, refletindo sobre como suas experiências individuais se conectam com lutas maiores por justiça social e igualdade. O autor também discute o impacto do HIV/AIDS em sua geração, traçando paralelos entre as respostas institucionais à pandemia e as mobilizações comunitárias que emergiram para enfrentá-la.
Um dos aspectos mais fascinantes do livro é a forma como Green transita entre diferentes contextos culturais e políticos. Sua trajetória entre os Estados Unidos e o Brasil, com tudo o que isso implica – desde a adaptação a línguas e costumes até o envolvimento direto em movimentos sociais – nos oferece uma perspectiva única sobre as interseções entre identidade pessoal e história coletiva.
Green nos desafia a questionar nossas próprias posições diante de questões como privilégio, resistência e solidariedade. É um livro que dialoga com o passado, mas que se mantém urgente e relevante no presente.
Recomendo a leitura para quem busca mais do que uma narrativa biográfica – para aqueles que desejam entender como as histórias individuais podem se tornar poderosas ferramentas de transformação social. James N. Green nos lembra que viver é, em si, um ato político, e que compartilhar experiências pode ser um caminho para construir pontes em um mundo cada vez mais dividido.