21 de junho de 2025

RESENHA: AMOR SUBLIMADO DUM POETA

 


Organizadores: Amilton Conté
Editora: Primeiro Capítulo
Páginas: 110
Ano de publicação: 2025
Compre através deste link.

 

O Poeta Podemos igualar o poeta às culturas dos pretos Sem discriminar dizer que a Cultura é a poesia Que a poesia é o falar ou comunicar das etnias. Em canções tradicionais, contos vistos em mitos Palavras e desejos dum poeta para o poeta digno O poeta consegue ver além da visão do homem O poeta consegue ver o tempo mover-se em O poeta narra o tempo como o parceiro maligno Só o tempo é capaz de dialogar com esse árbitro É no tempo que as saudades e o amor se perdem O vazio existe porque o poeta é vago por dentro Mas o poeta é esse que vive cevando da imaginação O poeta? Eu sou o poeta! Tu és? Nós também! Esse que alimenta a imaginação com a narração.

 

Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Amor sublimado dum poeta, lançado pela editora Primeiro Capítulo. O livro é de autoria de Amilton Conté e a resenha foi escrita por Leonardo Santos. 


Não é exagero dizer que Amor Sublimado dum Poeta, de Amilton Conté, é uma peça que sangra nas entrelinhas. Mais do que poesia ou teatro, o livro se constrói como uma tentativa de entender o amor enquanto ausência, enquanto falha, enquanto desejo de permanência diante da perda.

Um dos elementos que me surpreendeu logo no começo é que o livro abre com um prólogo confessional que mais parece uma carta não enviada. É ali que o Amilton se despe, ao contar como uma pergunta da irmã sobre a recorrência de mágoa, morte e lágrimas em sua escrita o levou de volta à primavera de março em que tudo começou.

É um texto que já nasce marcado por melancolia, amor impossível e uma juventude ofuscada pela dor, mas também que anuncia: essa não é uma história sobre finais felizes, mas sobre o que ainda resta quando tudo parece já perdido.

E o que resta é justamente o teatro.


Estruturada em oito atos, a peça dramatiza não apenas o sentimento, mas a luta para nomeá-lo. Personagens como o Cego e Gustavo ganham corpo e voz para dar forma a uma narrativa que, em sua essência, é sobre um amor que não se encaixa nos moldes tradicionais — amor que é memória, culpa, impotência, e até promessa quebrada. 

O diálogo entre os dois é um dos momentos mais emocionantes da peça: quando Gustavo o convida a torcer pela equipe nas oitavas de final da taça da igreja, o Cego responde com insegurança, achando que está sendo alvo de zombaria. Mas a troca que se segue, marcada por lealdade, dor e afeto, revela um vínculo muito profundo. 


“Foste a única pessoa que aceitou ser meu amigo, meu companheiro, meu irmão”, diz o Cego, antes de completar: “tudo o que tenho feito de bom nesta vida, devo-o a vós!”. São falas que carregam um peso afetivo imenso, mas que Conté conduz com naturalidade, fazendo parecer que estamos espiando uma conversa real.

A linguagem da peça é lírica e simbólica, mas sem deixar de ser acessível. Conté mistura referências bíblicas e imagens poéticas com falas simples e verdadeiras, o que aproxima o leitor (ou espectador) do drama humano que está sendo encenado. Os atores parecem viver ali o próprio dilema do autor, que afirma no prólogo: “exprimi o medo, o medo que sinto perante ela, o receio de não ser aceite como sou”.


Amor Sublimado dum Poeta também é um testemunho. Uma confissão de quem viu o amor escapar muitas vezes por entre os dedos, mas nunca deixou de buscá-lo, mesmo quando já não via. A peça se constrói com base nessa cegueira — literal e metafórica — e na tentativa de continuar amando apesar dela. 

No fim das contas, essa não é uma daquelas que exigem pausa, que pedem escuta, que nos olham de volta. É sobre amor, sim; mas não o amor idealizado. É sobre o amor possível. Aquele que resiste, que falha, que se reconstrói nos restos de mágoa, na ausência dos olhos, mas nunca na ausência de coração.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Leonardo Santos



Olá leitories! Meu nome é Leonardo Santos, tenho 28 anos, sou de São Paulo mas atualmente estou em Guarulhos cursando Letras! Minha paixão pela leitura começou desde muito cedo, e é um prazer compartilhar minhas leituras e experiência com vocês!

Equipe do Porão

.

Caixa de Busca

Facebook

Destaque

RESENHA: UMA VISÃO PÁLIDA DAS COLINAS

  Organizadores:  Kazuo Ishiguro Editora: Companhia das Letras  Páginas: 200 Ano de publicação: 2025 Compre através deste link.   ...

Arquivos

LITERATURA E MÚSICA

LITERATURA E MÚSICA

Posts Populares

ÚLTIMAS LISTAS LITERÁRIAS

Receba as novidades

Tecnologia do Blogger.

SIGA O PORÃO LITERÁRIO!

SIGA O PORÃO LITERÁRIO!