20 de abril de 2025

RESENHA: QUEER

 


Organizadores:   William S. Burroughs
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 144
Ano de publicação: 2025
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Embora tenha sido escrito em 1952, Queer só veio a público mais de três décadas depois por conta de sua explícita temática homossexual. Ambientado na Cidade do México do início dos anos 1950, o romance acompanha William Lee ― alter ego de William Burroughs e protagonista dos livros Junky e Almoço nu ― durante uma crise de abstinência de drogas, que ele tenta superar com álcool e com uma paixão obsessiva pelo ambíguo e indiferente Eugene Allerton. Juntos, os dois partem para a América Latina em busca da ayahuasca, a nova droga do momento.A atmosfera frenética e o ritmo alucinado marcam a narrativa e os monólogos do protagonista, antecipando o estilo visceral que estaria presente em toda a produção literária de Burroughs. Este volume ainda conta com a introdução do autor à primeira edição do livro, de 1985.

Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Queer, lançado pela editora Companhia das Letras. O livro é de autoria de William S. Burroughs e a resenha foi escrita por Leonardo Santos. 

O livro segue a história de Lee, um norte-americano que está em México, um lugar que, para ele, representa a tentativa de fuga de sua vida passada. Lee, no entanto, não consegue escapar de si mesmo. Ele está perdido, envolto em um turbilhão de desejo e frustração, vivendo uma vida que é ao mesmo tempo cheia de promessas e desilusões. 

No centro da trama, está a relação dele com o jovem, fascinante e distante Eugène, que provoca uma obsessão em Lee. A busca de Lee por Eugène não é apenas física; é uma busca pelo sentido da vida, por algo que transcenda a banalidade da existência cotidiana. 

Burroughs, como sempre, não tem medo de explorar os aspectos mais sombrios da psique humana, e isso é intensificado por sua escrita crua e, por vezes, desconcertante. Ele não poupa dilemas e desconforto que o personagem principal enfrenta. Burroughs trabalha com a ideia de que o desejo e a identidade são complexos e muitas vezes conflitantes, e que essa busca, longe de ser uma jornada de autodescoberta positiva, é algo que pode levar à autodestruição.

O México, nesse contexto, serve como um cenário metafórico para a alienação de Lee. Ele se encontra em um lugar fisicamente distante de tudo o que conhece, mas a verdadeira distância que ele experimenta é psicológica e emocional. Burroughs não faz concessões em mostrar a solidão e a luta interna de Lee, fazendo com que o leitor compartilhe da sensação de desconforto e inadequação do protagonista.

"Queer" é uma obra inquietante. Não é uma história convencional de romance ou aventura. A busca de Lee por Eugène é marcada por obsessão e fracasso, e a construção da relação entre eles é cheia de ambiguidades e tensões. A maneira como Burroughs aborda o desejo homoerótico, longe de ser uma celebração, é um olhar cruel sobre a maneira como a sexualidade pode ser uma prisão, ao invés de um caminho para a liberdade.

Se você já leu algo de Burroughs, sabe que seu estilo de escrita é fragmentado, quase experimental. Ele não segue uma narrativa linear e muitas vezes parece que a história não vai a lugar nenhum, mas isso faz parte da proposta da obra. Burroughs está mais interessado em explorar a mente de Lee do que em apresentar um enredo coeso, e isso é tanto um ponto positivo quanto negativo para quem gosta de tramas mais tradicionais. A escrita dele é crua, às vezes caótica, mas tem uma força inegável.

Se você está atrás de uma leitura que vá além da superfície e questione não apenas a sexualidade, mas também os limites da humanidade e da identidade, "Queer" é uma obra que vale a pena ser explorada.



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Leonardo Santos



Olá leitories! Meu nome é Leonardo Santos, tenho 28 anos, sou de São Paulo mas atualmente estou em Guarulhos cursando Letras! Minha paixão pela leitura começou desde muito cedo, e é um prazer compartilhar minhas leituras e experiência com vocês!

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