Organizadores: Chico Buarque
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 168
Ano de publicação: 2024
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Via San Marino, 12. No primeiro andar do prédio baixo e amarelo, o menino traça rotas no mapa-múndi que cobre a parede do quarto. A náusea sentida durante a navegação do Brasil à Itália ficara para trás e as viagens cartográficas vão sendo deslocadas, em escala menor, para os percursos pelas ruas de uma cidade a ser descoberta. Reminiscências diversas compõem esse trajeto: as primeiras manifestações do desejo; as partidas no gol a gol com Amadeo, o filho do quitandeiro; a escola e suas fugas; cartas, bilhetes e romance, toda uma escrita endereçada a Sandy L., sua paixão juvenil; a dor da apendicite.Em sua bicicleta niquelada com pneus brancos, Chico Buarque faz o zigue-zague por Roma, solta às vezes a mão do guidom e ensaia um equilíbrio fino entre lembrança e imaginação. Nesse passeio delicado, vislumbres da relação com o pai, a mãe e os irmãos somam-se às experiências formativas projetadas por um narrador às voltas com o passado.“Uma nova incursão ficcional de Chico Buarque por sua história familiar, desta vez na Roma de 1953-4.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Bambino a Roma: Ficção; lançado pela editora Companhia das Letras. O livro é de autoria de Chico Buarque e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
Chico nos transporta para a Roma dos anos 1950, onde acompanhamos Bambino, um garoto com olhar atento e curioso sobre o mundo ao seu redor. Bambino observa, aprende e se molda com as experiências — que vão de situações banais até momentos de profundo impacto emocional.
A narrativa tem um ritmo quase musical, uma característica que já conhecemos da escrita de Chico. Em "Bambino a Roma", ele mistura memória, ficção e uma certa melancolia, como se buscasse capturar algo que o tempo insiste em apagar. É tocante a maneira como o autor aborda a infância como uma fase de encantamento, mas também de descobertas que podem ser dolorosas.
O livro também traz reflexões sobre identidade e pertencimento. Bambino é um garoto brasileiro em um cenário estrangeiro, e o choque cultural aparece em pequenos detalhes, como o estranhamento com a língua ou os costumes locais. É interessante como Chico brinca com essa dualidade entre o conhecido e o desconhecido, o que faz a leitura ser ao mesmo tempo universal e profundamente pessoal.
A escrita de Chico Buarque é um espetáculo à parte. Cada frase parece ter sido esculpida com a precisão de quem domina tanto a linguagem quanto o silêncio que ela carrega. Em "Bambino a Roma", essa habilidade cria um texto fluido, capaz de nos arrancar risadas, suspiros e até uma lágrima ou outra.
Se você já é fã de Chico, este livro vai reforçar sua admiração. Se ainda não teve contato com a obra dele, "Bambino a Roma" é uma porta de entrada belíssima. Uma leitura para quem aprecia histórias intimistas, que falam de memórias, mas também do presente que elas moldam.