A sinopse de Quando Ela Desaparecer pode parecer um pouco clichê aos olhos de muita gente, mas é aí que Bonini consegue trazer algo novo de uma história que já foi utilizada por muitos mestres do suspense, talvez o frescor da história esteja em como ela é apresentada a nós, leitores. Tudo nos leva a crer que a obra seja um livro reportagem, seja pelo compartilhamento de evidências durante a narrativa e a forma em como os acontecimentos são narrados, eu mesmo fiquei um pouco confuso no começo da obra se por acaso aquele era um fato real ou não.
Acredito que este seja um ponto extremamente positivo do livro, até porque dá muita veracidade aos eventos acontecidos. Alguns depoimentos de suspeitos são narrados durante a investigação do detetive Bardelli e neles vemos personagens que poderiam facilmente ser meus vizinhos e conhecidos, creio que o cenário escolhido pelo autor (no caso, Guarulhos), nos aproxima com o ambiente narrado e cria essa esfera de proximidade.
O lado jornalístico da obra realmente brilha (sendo que o fato do autor ter experiência nessa área realmente pode ter ajudado bastante), mas creio que o fato dos personagens serem complexos ajuda a obra a ter sua principal característica: ser real. Todas as figuras que aparecem são extremamente verossímeis, e suas motivações vão sendo detalhadas conforme as páginas vão passando, inclusive em certo momento da narrativa sabemos se Kika está viva ou morta, e sem spoilers (obviamente), essa descoberta não tira em nada toda a expectativa da obra.
No contexto geral,
Quando Ela Desaparecer convence e consegue colocar
Victor Bonini como um dos autores referências do mercado, trazendo personagens complexos em ambientes sociais comuns aos nossos, oferecendo toda a crítica social que soe de modo sutil! Não conheço as duas outras obras do autor, mas pelo o que eu pesquisei o personagem do detetive Bardelli é recorrente, já vou querer adquirir
Colega de Quarto e
O Casamento para avaliar melhor a escrita de
Bonini.
E, então, a prática provou uma velha teoria: o medo dá origem à ignorância