O imaginário popular cria representações de sonhos e medos que se expressam com vida própria e eloquência. Através de um emaranhado de histórias e personagens, "Cordéis" tece alegorias sobre um Brasil em mutação, tocando em temas sensíveis e complexos, como a onda conservadora que se propagou no Brasil, a intolerância, a desigualdade social, o racismo, o machismo, a transfobia, o genocídio indígena, o preconceito...Combinando elementos de suspense e de realismo fantástico, "Cordéis" não segue uma estrutura funcional e choca suas muitas personagens acorrentadas umas às outras em busca de protagonismo e vida.“Cordéis” é uma reflexão sobre a existência, o sofrimento e a vontade de viver. Conversa com a filosofia (sobretudo Schopenhauer e Nietzsche), com o simbólico e com o imaginário tradicional brasileiro.
"Os homens simplesmente não suportam a ideia de que uma mulher pode ser tudo, bonita, inteligente, culta, independente. Livre. De que ela está no comando, no controle. De que a leoa que aguarda, tranquila, a disputa que vai definir o leão vencedor, o macho alfa. De que a leoa não é a recompensa do macho alfa, mas a rainha que deseja o melhor pai para sua descendência. Os homens simplesmente não suportam a ideia de que a mulher é a protagonista, de que ela escolhe o que vai fazer, com quem vai..."
"Victoria deixou a favela e sua família com apenas as roupas do corpo e muita determinação. Como dizia Simone de Beauvoir, Victoria não nasceu mulher, tornou-se mulher. Victoria transpira uma alegria contagiante e um otimismo que contamina, às vezes."