Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro A segunda aurora lançado pela editora Chiado. O livro é de autoria de Juliano Righetto e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
A trama de 'A segunda aurora' se passa em um Brasil no futuro, onde após um grande incidente (um incêndio terrível que destruiu grande parte do distrito federal) que aconteceu em uma cidade próxima a da qual conhecemos nessa história, a população local decidiu construir suas residências no subsolo.
Por mais que estejamos no futuro, a sociedade parece ter regredido no modo de viver, já que agora precisa-se caçar para ter alimentos e todos os costumes parecem, de forma ou outra, remeter a pequenos vilarejos da Idade Média. Com isso, o contato com a natureza é mais intenso, seja através da caça nas florestas locais ou da observação das estrelas no Estrelatário.
Além disso, existe uma grande mitologia envolvendo toda a existência deles, principalmente de um deus chamado Sucara, extremamente vingativo que a qualquer momento pode se virar contra eles. Esse momento parece ter chego quando Tine, uma jovem, encontra um ser estranho de floresta; um ser de olhos brilhantes que parece não ser dali.
Assim que a aldeia estabelece contato com aquela figura misteriosa, eles descobrem que Heitor é um astronauta que vivia em uma São Paulo extremamente tecnológica de antes da regressão, conforme Heitor e o time de astronautas vão se interligando a população local, o choque de culturas e crenças começa a criar um abismo que pode se propagar para todos os cantos, causando uma verdadeira revolução naquilo que eles conhecem como existência.
Com uma narrativa interessante e reflexiva, esse é meu primeiro contato com a escrita de Righetto, que traz elementos de um gênero que eu amo tanto, a ficção científica, de um modo repaginado e bem nacional. Digo isso porque não estou acostumado a ler esse gênero escrito por autores nacionais, e fiquei bem feliz por ter tido acesso a essa história.
Como um grande épico, a história de "A segunda aurora" tem uma série de personagens e relações entre si, se por um lado temos a jovem Tine, seu primo Lemaro (caçador daquele local), Rubiza (com quem Tine tem um leve conflito no início da trama) e Deati (uma espécie de sabedoria daquele grupo) possuem seu devido protagonismo e ajudam a trama crescer conforme a tensão vai criando forma.
Do outro lado temos Charlie, Caroline, Heitor Rushid e Yuankai, os membros da espaçonave "Aurora" que desembarcam naquele local. Um dos pontos mais interessantes do livro é em como esse confronto de duas realidades opostas se casam. O autor estabeleceu pontos bem importantes de serem discutidos, como por exemplo o fanatismo a religião, o preconceito e outras pautas sociais que são abordadas.
Por ser um livro grande, o ritmo de leitura pode sofrer um pouco, principalmente no começo onde temos a apresentação do enredo, cultura local e personagens! Cheguei até em travar em algumas partes e acho que o plot inicial poderia ser trabalhado um pouco mais para fichar mais fluído e um pouco menor, mas isso vai muito da experiência pessoal de cada um.
De resto, a leitura foi bem interessante e me prendeu durante o mês inteiro que eu me dediquei a ele! A edição está incrível e vale a pena dar uma conferida!