Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Cores proibidas lançado pela editora Companhia das Letras. O livro é de autoria de Yukio Mishima e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
Inaugurando o especial de livros de Yukio Mishima, um dos autores mais prestigiados da literatura japonesa, conversaremos então sobre o livro "Cores proibidas", considerado por muitos a obra de maior prestigio do autor. De antemão já digo que esse livro traz uma série de gatilhos para leitoras e leitores sensíveis.
Acompanhamos então os relatos de Shunsuke, um escritor que beira aos seus sessenta anos e, através das páginas desse livro, narra sua história dando foco aos três casamentos pelos quais passou - e foram levados ao fracasso; e como eles - eu sua perspectiva - o levou a uma condição de aversão as mulheres. Shunsuke propõe, então, construir sua narrativa para vingar-se das mulheres, por três delas terem sido tão 'cruéis' com ele.
Além disso, Shunsuke conhece a enigmática figura de Yuichi em um bar gay da Tóquio pós segunda guerra conhecido como Rudon. Detentor de uma beleza que choca quem a observa, Yuichi atrai a atenção de Shinsuke imediatamente; todavia, Yuichi está prestes a se casar com Yasuko, mas isso não o impede de entrar em uma trama sexual extremamente complexa e bem orquestrada por Shunsuke, que guarda em suas movimentações uma motivação cruel.
Durante minha leitura de "Cores proibidas" - que acredite, durou meses, em muito eu pude associar esses personagens e enredos com uma espécie de Dorian Gray mais ácido e "depravado". Meu primeiro contato com a escrita de Yukio Mishima já foi extremamente impactante e dolorosa, e o por quê? Então, vamos lá.
Shunsuke, pra começo de conversa, é um personagem que sofreu muitas crueldades e exala um comportamento sádico como forma de expressar tudo aquilo que sofreu na vida. Pouco saudável? Com certeza, em sua espécie de carta de misoginia, é terrível ver as formas como ele usa Yuichi (que não é exatamente inocente) e Yasuko para atingir seus objetivos.
Digo que esse livro me lembrou muito Dorian Gray pois aqui temos um ser humano detentor de enorme beleza que atraí a atenção de um homem mais velho, uma espécie de tutor; além disso, em "Cores proibidas" o narrador fala a respeito do papel da arte e do belo diversas vezes durante a obra.
Esse fator, inclusive, deixa a narrativa bem cansativa em alguns momentos, pois parece que a história está se repetindo ou enrolando para então dar evolução a história em si - e assim completar suas 570 páginas. Como eu gosto desse debate, isso não prejudicou em muito a minha leitura, mas a retardou. (Demorei uns três meses pra ler esse livro).
A violência física e psicológica são elementos trabalhados nesse livro, é cruel demais. Obviamente existe um contexto para ler esse livro, mas da mesma forma ainda é doloroso ver digressões tão cruéis de um personagem tão marcado quando é o protagonista desse livro.
Pelo o que eu pude pesquisar a respeito da obra do autor, ele possui outros livros com uma temática menos agressiva, e são esses títulos dos quais eu estou interessado em ler no momento, por isso em breve devo trazer outra resenha de Yukio Mishima pra cá!