“A gente vive mais tempo do que precisa. Seria suficiente um amor, uma paixão inigualável e teríamos provado a vida”. Para alguns, pode soar exagerado, outros talvez escutem a melancolia entremeando cada palavra. Mas ninguém teria dúvida de que a frase só poderia ser dita por um romântico, e nada define melhor o protagonista desta história, Alexandre, que aqui relembra a vida marcada por um encontro inesquecível. Estamos em Praga, nos anos 90, com o jovem estudante de medicina chegando a mais uma das muitas cidades que visita durante férias que não têm data para terminar. Uma troca de olhares e a lista de compras acaba esquecida entre as laranjas da banca do supermercado - o desejo urgente conduz os próximos passos do personagem ao que poderia não ter passado de sexo casual, uma aventura de verão que, contra todas as expectativas, se transforma em obsessão, quase um vício que às vezes responde pelo que chamamos de amor. Quanto tempo pode durar uma paixão? Até que ponto a distância perpetua a fantasia e faz da ilusão a base de um vínculo duradouro?
"A gente ama algumas vezes, hoje eu sei. Eu não amei só Sebastian, embora sinta que só tenha amado Sebastian. Existe um amor, e depois todos os outros são mais ou menos bege, como se a lente pelo qual os víssemos passasse por algum tipo de mácula que torna todas as emoções menos potentes, entre o amarelo e o marrom. É triste pensar que eu também posso ter sido bege para alguém. Creio que a gente vive mais tempo do que precisa. Seria suficiente um amor, uma paixão inigualável e teríamos provado a vida. A busca incessante que se segue é frustrante. Depois da primeira vez, as músicas não mais nos tocam do mesmo modo, a poesia se esvazia."
"A liberdade é uma noção avassaladora."