DARIUS, O GRANDE, NÃO ESTÁ NADA BEM
Autor(a): Adib Khorram
Editora: HarperCollins Brasil
Páginas: 256
Ano de publicação: 2021
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Darius Kellner fala klingon melhor do que farsi, e sabe mais sobre as condutas sociais dos hobbits do que as persas. Ele está prestes a fazer sua primeira viagem para o Irã, mas se sente desnorteado ― principalmente tendo que lidar com a depressão, um pai distante e uma vida social praticamente inexistente. O problema é que Darius nunca se sentiu “persa” o suficiente. O Irã deveria ser tão parte dele quanto os Estados Unidos, mas é estranho chamar de lar um país em que você nunca viveu. Mas quando Darius conhece Sohrab, o menino da casa ao lado, tudo muda. Em pouco tempo eles já estão passando o dia juntos, jogando futebol, comendo faludeh e conversando por horas em um telhado secreto com vista para a cidade inteira.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Darius, o grande, não está nada bem lançado pela editora HarperCollins Brasil. O livro é de autoria de Adib Khorram e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
Darius Kellner está bem, certo? Adolescente de descendência iraniana, Darius passa seus dias precisando suportar a vivência cruel do colegial e seu trabalho na loja de chás da vizinhança. Entre seus hobbies preferidos estão assistir a série clássica do Star Trek com seu pai e ler livros de fantasia - como O senhor dos anéis.
Darius, no entanto, não está tão bem assim. Diagnosticado com depressão, os medicamentos que ele precisa tomar constantemente precisam ser trocados e seus efeitos colaterais podem ser um tanto voláteis - erupções de humor e de acne são bem frequentes. Além disso, o relacionamento com seu pai é distante e, muitas vezes, constrangedor.
Mergulhado na cultura local, a única referência que Darius tem de parte de suas origens está em sua mãe iraniana e em suas chamadas de vídeo com seus tios e demais parentes. Tirando isso o rapaz pouco sabe a respeito dos costumes persas que regem a parte materna de sua família.
Isso muda quando a família parte para uma semana no Irã. Ali, Darius conhece Shorab, um rapaz que talvez seja a primeira pessoa da qual Darius pode chamar de amigo. Através dessa viagem o rapaz aos poucos vai entendendo mais sobre a origem de parte de sua família e de seu próprio nome.
Emocionante e extremamente visceral. Entre todos os livros que trazem personagens com depressão que eu já li, acredito que esse seja o que mais mexeu comigo. Talvez seja precisão do autor em tratar de um tema tão importante, talvez seja a forma crua da qual ele nos insere na mente de Darius... Não sei, só posso dizer que essa história é incrível e vai ficar na minha cabeça por um longo tempo.
Saúde mental é um termo relativamente novo, mas sofrer de depressão e outras condições psíquicas não. O autor foi muito preciso e muito poderoso em evidenciar vários dos sinais que podem indicar um quadro clínico em Darius, e um leitor ou leitora que preste atenção nesses detalhes vai se aprofundar muito mais na obra.
Todavia, o que me deixou feliz foi o tom adotado por Adib, ele não é simplista em dizer "olha, faça isso que você não terá mais depressão!", muito pelo contrário, ele evidencia que cada caso necessita de diferentes atenções e cuidados, mas certas coisas são universais e podem sim ajudar você em uma situação difícil: a amizade e a auto-descoberta.
Darius vivencia um mundo novo, Irã se abre pra ele como algo magnífico e de extrema beleza. Conhecendo a história de sua família e ampliando seu relacionamento com seus avós (que só se dava por conversas desconfortáveis via internet), Darius começa sua própria jornada, e que jornada incrível.
Shorab, amigo do qual Darius faz no Irã, oferece um papel extremamente importante ao menino: o poder de escutar e de trocar experiências. Shorab também é riquíssimo em termos de complexidade e, assim como o Darius, eu amei conhecê-lo.
Importante, rico em material cultural e extremamente emocionante... Indico muito a leitura desse livro e espero muito que Darius fique bem.