Organizadores: Paul B. Preciado
Editora: Zahar
Páginas: 568
Ano de publicação: 2023
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Dysphoria mundi é um diário da violenta transição planetária que vivemos hoje. Doente de covid e trancado sozinho em seu apartamento, Paul B. Preciado registra as mudanças que estão ocorrendo em todas as esferas globais ― sociais, políticas, sexuais e ecológicas ― num texto “transgênero” que incorpora ensaio, poesia, autoficção: uma espécie de caderno filosófico-somático do processo de transformação em curso.Para entendermos esse processo, o filósofo espanhol propõe que a noção de disforia seja pensada de maneira ampla e generalizada. “E se a ‘disforia de gênero’ não fosse um transtorno mental, mas uma inadequação política e estética de nossas formas de subjetivação em relação ao regime normativo da diferença sexual e de gênero?”, pergunta. Atravessando os limites disciplinares e seus binarismos, Preciado nos faz ouvir o som do velho mundo desmoronando e nos compele a fundar um novo regime epistemológico antes que seja tarde demais.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Dysphoria mundi: O som do mundo desmoronando lançado pela editora Zahar. O livro é de autoria de Paul B. Preciado e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
Dysphoria mundi foi escrito durante a pandemia de COVID-19 e funciona como um diário do autor, que estava doente e isolado, refletindo sobre as mudanças globais que estamos vivenciando.
Neste livro, Preciado usa uma linguagem que mistura ensaio, poesia e elementos autobiográficos, criando um tipo de diário filosófico sobre a transformação por qual passa. Ele explora como as coisas estão mudando nas áreas sociais, políticas, sexuais e ecológicas.
Uma das ideias centrais do livro é repensar a 'disforia de gênero' como algo mais amplo do que a visão de um transtorno mental. Preciado questiona se essa disforia não seria, na verdade, uma inadequação política e estética em relação às normas sobre diferença sexual e de gênero propostas pela sociedade.
Além disso, o autor nos instiga a perceber que o antigo modo de vida está se desfazendo e nos incentiva a criar uma nova forma de entender o mundo — nos incentivando a participar desse processo de mudança e engajar ativamente na construção de um futuro diferente.
Uma das coisas que eu gostei desse livro é a forma como ele é escrito: não é difícil. Livro assim costumam trazer uma carga teórica muito forte e acabam se perdendo no meio de tantas referências e modos de percepção. Por sorte, Preciado não faz isso, pelo contrário, ele sintetiza tudo isso de uma forma que deixa sua visão ainda mais forte e embasada.
O subtítulo "O som do mundo desmoronando" faz muito sentido quando nos aprofundamos na leitura desse livro. Nossa visão a respeito da sexualidade mudou muito nas últimas décadas, conseguimos avançar em pautas importantes e ainda lutamos para que outras sejam debatidas e compreendidas nos âmbitos políticos, acadêmicos e sociais. Portanto, esse livro evoca uma série de discussões extremamente úteis e relevantes a respeito desses temas.
O estudo de Preciado se mostra extremamte relevante por sua originalidade e provocação intelectual. A habilidade de em misturar um teor acadêmico com sensibilidade, inteligência, ironia e beleza na narrativa é impressionante. "Dysphoria mundi" é visto como uma contribuição significativa para os estudos de gênero, teoria crítica e filosofia contemporânea, solidificando a posição do autor como uma figura influente nas discussões atuais.