A ficção científica é palco para três contos que trazem à tona questões profundas sobre a prática científica e suas ramificações no mundo real. Cada conto é independente e pode ser lido na ordem de preferência, mas recomendo muito seguir a ordem estabelecida pelo autor e deixar "Herodes Enloquecido" por último. Mas enfim, vamos a uma breve sinopse dessas histórias:
No primeiro conto, intitulado "Mar Morto", o enredo mergulha no impacto de uma descoberta revolucionária, levando o cientista Lucas Binder e demais pesquisadores a confrontarem as repercussões éticas de suas ações, afinal a descoberta que a equipe tem em mãos pode mudar a história da humanidade, mas pra melhor ou pior?
Eu amei como essa reflexão se estende por toda sua narrativa em um eterno debate filosófico sobre o conhecimento como arma! O conto nos convida a questionar sobre até onde a ciência deve ir e como essas descobertas podem transformar nossa existência.
"Espaço Profundo", por sua vez, oferece um olhar íntimo sobre a jornada dos pesquisadores em seus campos de estudo, em um "casamento" com seus temas de pesquisa que alterna entre paixão e desgaste. O conto nos lembra como, em meio à complexidade das investigações científicas, a simplicidade e a admiração pelo conhecimento muitas vezes ficam esquecidas. É um lembrete poético sobre o equilíbrio entre a obsessão pela pesquisa e as pequenas maravilhas da ciência.
Esse é o menor conto presente na antologia e, sem dúvidas, o mais melancólico (e belo) de todos eles. Acompanhamos esse cientista em um momento muito único e muito reflexivo de sua carreira e vida; todas suas reflexões são compartilhadas conosco — e eu amei muito esse fator.
O conto que fecha o livro se chama "Herodes Enfurecido", se passa em um mundo apocalíptico. Aqui, conhecemos Maria e Celeste, duas personagens que estão em um projeto que tem como intuito salvar o que restou da humanidade. A forma como esse projeto opera, no entanto, demonstra até que ponto um grupo de seres humanos pode chegar para tentar garantir sua sobrevivência.
Com certeza é o conto mais visceral e que mais me impactou em todo o livro! A frase final te deixa com um gosto amargo na boca, pude relacionar a leitura desse conto ao famoso livro de Margaret Atwood, "O Conto da Aia". Por favor, leiam!
Os três contos são impecáveis em sua abordagem e nos oferece panoramas diferentes a respeito do fazer científico, literário e também da nossa própria natureza humana! Regado de filosofia e discussão de temáticas importantes, gostei muito da forma como Maurizio consegue trazer tantos elementos diferentes para sua ficção, que soa muito contemporânea e autoral.
Por favor, leiam!