Entre um passo mal dado e a possibilidade de redenção, o livro se passa nos anos 90, apresentando a protagonista Maria Lúcia, uma personagem que enfrenta os desafios de suas próprias decisões. Casada com Marcelo, um escritor frustrado que ainda não encontrou o sucesso, Maria trabalha como empregada para Leandro e Caridad.
Leandro é um escrito muito famoso e um dos principais nomes da literatura nacional, porém parece ser extremamente instável e vive em uma relação extremamente abusiva com sua mulher, Caridad. Maria Lúcia acaba testemunhando uma cena de agressão entre os dois. Nisso, Leandro acaba oferecendo a Lúcia uma chance de subir de cargo, virando secretária do escritor.
Para Maria Lúcia e Marcelo isso é uma ótima notícia, já que eles vivem com a sogra, uma mulher inflexível chamada Inês. Talvez aquela seja uma chance para ambos conseguirem uma renda extra. Tudo parece melhorar ainda mais quando Leandro diz que apresentará os manuscritos de Marcelo a algumas editoras, no entanto...
A trama se desenrola em espiral conforme Maria começa a se envolver com Leandro. Isso porque além dos problemas que surgem, Maria precisa lidar com a culpa que sente, com a pressão de sua sogra e também com todas as imposições de Leandro. É interessante ver como a personagem lida com esses dilemas e como os valores que estão em sua perspectiva se alteram durante toda a história.
Alexandre consegue estruturar sua obra como uma grande tragédia, apresentando personagens que dão um gás na inevitabilidade de todas as consequências do que virá a seguir. O autor mesmo se utilizou do Mito de Pandora para tecer sua própria história, colocando assim diversos males que surgem durante o percurso de Maria, mas sem se esquecer da esperança.
É agoniante ver a jornada da qual a protagonista passa, seja com relação a Caridad, Leandro, Inês e até mesmo as suas próprias escolhas. No entanto, ao mesmo tempo é fascinante ver como Alexandre adequa tais tensões de modo tão coerente em sua narrativa.
Além disso, a história traz uma conversa com o próprio fazer literário, principalmente nos diálogos que temos entre Marcelo e Leandro, gostei muito dessas partes e da forma como tudo se conecta.
Por fim, a história acaba abordando a tragédia de atos humanos de forma muito exemplar. Além disso, a edição publicada pela editora Penalux está muito bem trabalhada, mesmo o livro não sendo muito extenso (possuindo cerca de 340 páginas), não senti as páginas passarem por conta da fluidez do autor e também da diagramação bem feita do livro!
Fica a indicação!