Organizadores: Alexandre Semedo de Oliveira
Editora: Penalux
Páginas: 334
Ano de publicação: 2023
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Um passo mal dado... e uma vida que se desfaz depois dele! Essa é uma tragédia humana das mais antigas, que tem se repedido desde sempre na experiência de um sem número de pessoas, e, em cada uma dessas repetições, sempre com nuances próprias. Em Mesmo que entregasse o corpo às chamas, a protagonista Maria Lúcia vive, ao seu modo, o drama daqueles que cometem um erro tolo e desencadeiam uma série de consequências sobre as quais não têm controle algum e que acabam por moldar o seu destino, destruindo tudo o que se tinha como importante: a fé, a família, a boa imagem de si mesma. Mas, ao final de tudo, ela descobre que, por mais desnorteantes que sejam as consequências de seus erros, a vida sempre oferece a possibilidade de uma redenção final que, ainda que não apague todas as dores, abre espaço para um recomeço.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Mesmo que eu entregasse o corpo as chamas lançado pela Penalux. O livro é de autoria de Alexandre Semedo de Oliveira e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
Entre um passo mal dado e a possibilidade de redenção, o livro se passa nos anos 90, apresentando a protagonista Maria Lúcia, uma personagem que enfrenta os desafios de suas próprias decisões. Casada com Marcelo, um escritor frustrado que ainda não encontrou o sucesso, Maria trabalha como empregada para Leandro e Caridad.
Leandro é um escrito muito famoso e um dos principais nomes da literatura nacional, porém parece ser extremamente instável e vive em uma relação extremamente abusiva com sua mulher, Caridad. Maria Lúcia acaba testemunhando uma cena de agressão entre os dois. Nisso, Leandro acaba oferecendo a Lúcia uma chance de subir de cargo, virando secretária do escritor.
Para Maria Lúcia e Marcelo isso é uma ótima notícia, já que eles vivem com a sogra, uma mulher inflexível chamada Inês. Talvez aquela seja uma chance para ambos conseguirem uma renda extra. Tudo parece melhorar ainda mais quando Leandro diz que apresentará os manuscritos de Marcelo a algumas editoras, no entanto...
A trama se desenrola em espiral conforme Maria começa a se envolver com Leandro. Isso porque além dos problemas que surgem, Maria precisa lidar com a culpa que sente, com a pressão de sua sogra e também com todas as imposições de Leandro. É interessante ver como a personagem lida com esses dilemas e como os valores que estão em sua perspectiva se alteram durante toda a história.
Alexandre consegue estruturar sua obra como uma grande tragédia, apresentando personagens que dão um gás na inevitabilidade de todas as consequências do que virá a seguir. O autor mesmo se utilizou do Mito de Pandora para tecer sua própria história, colocando assim diversos males que surgem durante o percurso de Maria, mas sem se esquecer da esperança.
É agoniante ver a jornada da qual a protagonista passa, seja com relação a Caridad, Leandro, Inês e até mesmo as suas próprias escolhas. No entanto, ao mesmo tempo é fascinante ver como Alexandre adequa tais tensões de modo tão coerente em sua narrativa.
Além disso, a história traz uma conversa com o próprio fazer literário, principalmente nos diálogos que temos entre Marcelo e Leandro, gostei muito dessas partes e da forma como tudo se conecta.
Por fim, a história acaba abordando a tragédia de atos humanos de forma muito exemplar. Além disso, a edição publicada pela editora Penalux está muito bem trabalhada, mesmo o livro não sendo muito extenso (possuindo cerca de 340 páginas), não senti as páginas passarem por conta da fluidez do autor e também da diagramação bem feita do livro!
Fica a indicação!