Organizadores: Hanya Yanagihara
Editora: Arqueiro
Páginas: 784
Ano de publicação: 2024
Quando quatro amigos de uma pequena faculdade de Massachusetts se mudam para Nova York em busca de uma vida melhor, eles se veem falidos, sem rumo e amparados apenas por sua amizade e por suas ambições.Willem, lindo e generoso, é aspirante a ator; JB, nascido no Brooklyn, é um pintor perspicaz e às vezes cruel que busca de todas as formas ingressar no mundo das artes; Malcolm é um arquiteto frustrado que trabalha numa empresa de renome; e o solitário, brilhante e enigmático Jude funciona como o centro gravitacional do grupo.Com o tempo, o relacionamento deles se aprofunda e se anuvia, matizado pelo vício, pelo sucesso e pelo orgulho. No entanto, seu maior desafio, como cada um passa a perceber, é o próprio Jude, um litigante extremamente talentoso na meia-idade, porém, ao mesmo tempo, um homem cada vez mais atormentado, a mente e o corpo marcados pelas cicatrizes de uma infância misteriosa, e assombrado pelo que teme ser um trauma tão intenso que não só não será capaz de superar ― mas que vai definir sua vida para sempre.Com uma prosa magnífica e genial, Hanya Yanagihara criou um hino trágico e transcendental do amor fraterno, uma representação magistral da dor física e psicológica, e uma análise da verdade nua e crua que permeia a tirania da memória e os limites da resistência humana. Uma vida pequena é um épico sobre amor e amizade no século XXI que visita alguns dos espaços mais sombrios pelos quais a ficcção já teve a coragem de navegar e que, ainda assim, de um jeito quase improvável, consegue romper as barreiras da sombra e alcançar a luz.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Uma vida pequena, lançado pela editora Record.
O livro é de autoria de Hanya Yanagihara, tem tradução de Roberto Muggiati e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
Aqui seguimos a vida de quatro amigos: Jude, Willem, JB e Malcolm, que se conhecem na faculdade e carregam essa amizade por décadas. No entanto, o foco principal da narrativa é em Jude, um advogado brilhante e reservado que esconde traumas imensuráveis de seu passado. E quando eu digo traumas, galera, não estou falando de algo leve. Yanagihara constrói em Jude uma personagem que carrega cicatrizes físicas e emocionais de uma infância terrível, marcada por abusos devastadores que o acompanharão por toda a vida.
A amizade entre esses quatro homens é o eixo central da trama. O livro começa com a vida dos amigos em Nova York, tentando se estabelecer profissionalmente e emocionalmente. No entanto, conforme a história avança, o foco se estreita cada vez mais em Jude e sua luta interna com sua autoestima, sua saúde física e mental. O que faz dessa história tão impactante é a forma como Yanagihara expõe a dor sem reservas, sem medo de mostrar a crueldade do mundo e a força necessária para sobreviver nele.
O ponto alto do livro é a complexidade emocional de seus personagens. A autora nos oferece um retrato visceral e realista da dor, mas também do amor que surge dessas relações. O Willem, por exemplo, é o amigo mais próximo de Jude, e o amor que ele sente por Jude é tão profundo que é quase impossível não se emocionar com os sacrifícios e o cuidado que ele demonstra.
Yanagihara tem uma habilidade única de transformar uma história sobre trauma em algo muito maior: um estudo sobre as fragilidades humanas e os laços que nos sustentam. Ela constrói uma narrativa que alterna momentos de ternura e de extrema crueldade, e isso, galera, é o que torna esse livro tão difícil e ao mesmo tempo tão necessário. "Uma vida pequena" fala sobre as partes mais dolorosas da nossa existência, mas também sobre a nossa capacidade de persistir e encontrar consolo nas relações.
Hanya Yanagihara também se destaca como uma das autoras mais marcantes da literatura contemporânea justamente por sua coragem em explorar o que há de mais sombrio na condição humana. "Uma vida pequena" foi finalista do Booker Prize e do National Book Award, o que já mostra o peso e a repercussão que a obra teve no cenário literário mundial. A narrativa toca temas universais como o abuso, a autolesão, a depressão e a sobrevivência, mas faz isso de uma maneira tão íntima e detalhada que é impossível não se sentir emocionalmente abalado.
Então, já aviso: preparem os lencinhos, porque "Uma vida pequena" vai partir seu coração — mas de uma maneira linda e transformadora.