Os animais se cansaram da vida que levavam na fazenda com o Sr. Jones, então- liderados pelos porcos- eles organizam uma revolução e o expulsam do lugar. Encantados com o domínio que agora tinham do lugar, imaginaram finalmente estar em liberdade, sem pensar que existe um preço muito alto a se pagar.
Orwell nos leva a uma reflexão incrível sobre os tipos de governo: As revoluções acontecem quando algo vai mal e de fato são importantes e trazem resultados. Mas e depois? É preciso haver um plano. Os porcos tomaram não apenas a liderança da revolução, mas da fazenda (nomeada como "A Fazenda dos Animais"), se dizendo mais inteligentes que os demais. Eles aprenderam a ler e até tentaram ensinar os demais animais, mas estes apresentavam muitas dificuldades. Escreveram diversos mandamentos a serem seguidos, mas tiveram que reduzir a apenas um para que todos decorassem: "Quatro pernas bom, duas pernas ruim".

Um jogo de poder é traçado e acompanhamos esses animais numa trajetória muitas vezes angustiante. O ponto que mais me chamou a atenção foi quando, na eleição, Napoleão consegue traçar um plano para acusar Bola de Neve de traidor e ser expulso da fazenda. Foi golpe! Ele conseguia manipular facilmente os demais animais, transformando pouco a pouco seu governo em uma ditadura cruel. É incrível como um povo sem informação acredita em tudo o que lhe dizem.
Em sua fábula para adultos, Orwell parte para suas referências políticas e cria um cenário que vai muito além de suas próprias convicções: os acontecimentos traçados na Fazendo dos Animais tornam-se atemporais e seu modelo de manipulação pode ser encontrada em diversos governos até hoje. Talvez seja por isso que estamos aqui debatendo Orwell 70 anos após a sua morte.
Todo o fervor que o nome de George Orwell conquistou esse ano pelo fato de obra obra ter ido a domínio público pode ser justificado pela atemporalidade de suas narrativas, tanto 1984 e A Fazenda dos Bichos (seus títulos mais famosos) são lidos pela nossa geração com aquele ar de frescor (e medo) de um futuro distópico incerto de opressão que em muito se encaixa com aquilo que estamos vivendo.
Já dizia Paulo Freire: "O sonho do oprimido é ser o opressor". "A Revolução dos Bichos" é um livro muito importante, principalmente nesse momento que estamos vivendo, com a ameaça da taxação dos livros e, ocasionalmente, dificultando ainda mais o acesso a leitura voltarmos ao que podemos retirar da literatura para agirmos.
Já com relação a edição, acredito que a da Martin seja uma das mais belas e mais bem trabalhas do qual nós do Porão Literário tivemos acesso. O material de prefácio conta com ótimas introduções a alguns aspectos sociológicos e históricos da obra, além disso toda a diagramação do texto está bem feita e a leitura pode ser feita com o máximo de conforto! Além disso o livro veio com um pôster lindo do qual eu deixarei pra vocês verem aí embaixo!