Olá pessoal do Porão Literário! Hoje vou compartilhar com vocês três motivos para ler Para não acabar tão cedo O livro é de autoria de Clarice Freire
Para não acabar tão cedo é o romance de estreia de Clarice Freire, autora e artista visual pernambucana, conhecida pelo projeto Pó de lua . O livro apresenta a história de duas irmãs – as idosas Augusta e Lia –, com vidas e personalidades distintas, cuja relação é transformada de maneira inesperada quando acordam certa manhã com seus corpos rejuvenescidos. Augusta é a mais velha, ranzinza e dona de um cuidado que por vezes sufoca. Nesse lugar de guardiã do passado e do controle, ela se vê confrontada com a incerteza e os mistérios de sua nova condição. Lia, por outro lado, de alma rebelde e apaixonada, ao retomar o movimento das pernas naquela manhã, quer aproveitar ao máximo e saciar sua sede de vida.A relação entre as irmãs é tanto única quanto universal. Mas há um elemento ainda mais particular em Para não acabar tão cedo : o narrador desta história é o próprio Tempo, que também é o responsável pela reviravolta na vida dessas senhoras. Acompanhamos como Augusta e Lia lidam, cada uma à sua maneira, com as ações e a passagem dele, um narrador e personagem excêntrico, não linear, poeta, sarcástico, sensível, sacana e compassivo.A escrita de Clarice Freire é inventiva e carrega consigo muitos traços da poesia. Em sua estreia na prosa, vivenciamos, sobretudo do ponto de vista feminino, a passagem do tempo, a complexidade do envelhecer e a constante redescoberta – com Lia, Augusta e o Tempo – dos mistérios e sentidos da vida.
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1. O tempo como personagem
Clarice Freire nos apresenta uma proposta audaciosa: transformar o Tempo em um personagem que não só narra, mas interage com a trama de forma quase tangível. Mais do que uma metáfora, ele é aquele velho amigo sarcástico, mas compassivo, que nos faz questionar nossa relação com o passar dos anos. É impossível não se sentir parte dessa conversa, refletindo sobre a inevitabilidade dos ciclos da vida. Ao dar voz ao Tempo, Freire transforma o óbvio em poesia, e nos faz pensar sobre aquilo que normalmente apenas sentimos.
As irmãs Augusta e Lia são o coração dessa narrativa. Cada uma delas, com suas características tão contrastantes, nos coloca diante de dilemas universais: controle versus liberdade, responsabilidade versus entrega. Augusta, sempre refém do passado, tenta resistir às mudanças, enquanto Lia, de repente liberta das limitações da idade, quer experimentar tudo o que lhe foi negado. Essa dualidade entre viver para o outro e viver para si é tratada de maneira sensível, e é difícil não se identificar com alguma dessas nuances.
Se você já leu algo de Clarice Freire, sabe que sua escrita tem um ritmo próprio, quase como uma dança entre a prosa e a poesia. Em "Para Não Acabar Tão Cedo", essa fluidez ganha ainda mais força, com momentos em que o texto se quebra em versos, dando tempo para o leitor respirar e absorver a profundidade das palavras. Cada página parece cuidadosamente pensada para provocar algum tipo de emoção, fazendo dessa leitura uma experiência pessoal e marcante, como uma conversa sincera com alguém que sabe exatamente o que estamos sentindo.
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