25 de fevereiro de 2022

RESENHA: QUINCAS BORBA

 



QUINCAS BORBA
Autor(a):  Machado de Assis
Editora: Antofágica 

Páginas: 458
Ano de publicação: 2021
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Com apresentação de Emicida e texto de Jeferson Tenório, a nova edição da Antofágica conta com mais de 60 artes inéditas de Samuel de Saboia.  Quincas Borba é um cachorro, mas esse também é o nome de seu dono, um filósofo de Barbacena, Minas Gerais. Quando este rico pensador morre, deixando para trás uma grande fortuna, seu amigo Rubião é nomeado o único herdeiro da herança. Mas o ex-professor só colocaria as mãos no dinheiro sob uma condição – cuidar e zelar pela vida de Quincas Borba, o cão. Publicado em 1881, Quincas Borba é o romance machadiano que melhor expõe os dilemas de personagens em uma sociedade de interesses em transição do século XIX para o XX. Ao narrar a transformação da pacata vida de Rubião em um herdeiro-capitalista que atrai os mais diversos tipos de interesseiros, encontrando no caminho o amor e a loucura, Machado constrói uma história na qual o leitor contemporâneo reconhece personas que perduram na sociedade brasileira até hoje. Esta edição da Antofágica conta com ilustrações do renomado artista recifense Samuel de Saboia e texto de apresentação de Emicida. Rogério Fernandes dos Santos, doutor em Letras pela USP, assina as notas do livro. Nos posfácios, o professor da UERJ e crítico literário João César de Castro Rocha escreve um ensaio sobre a tessitura do romance machadiano e o processo de (re)escrita de Quincas Borba. Ana Paula Salviatti, mestre em história econômica pela USP, disserta sobre a transição de um homem livre e sem posses numa sociedade escravocrata, enquanto o escritor e doutorando em teoria literária Jeferson Tenório assina um posfácio sobre as múltiplas leituras do romance machadiano. 

Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Quincas Borba lançado pela editora Antofágica. O livro é de autoria de Machado de Assis e a resenha foi escrita por Leonardo Santos. 


Quincas Borba é um filósofo que enfrenta seus últimos dias de vida. Herdeiro de uma fortuna que veio de seu tio (que ganhou muito dinheiro no período do Brasil escravocrata), o homem agora definha. Quincas Borba também é um cachorro, quer dizer, o filósofo nomeou seu cachorro com este mesmo nome, mas nenhum dos dois Quincas é o personagem principal dessa história. 

Conhecemos então Rubião, um professor de origem humilde que auxilia Quincas naqueles últimos dias antes de sua morte na cidade de Barbacena. Ao morrer, no entanto, Rubião fica surpreso ao descobrir que todo o dinheiro que Quincas tinha foi deixado para ele! Tudo com uma condição, é claro: cuidar de Quincas Borba, o cachorro.


Aceitando a condição, Rubião então se muda para a capital, onde passa a conhecer a elite da sociedade do Rio de Janeiro do século XIX. Inocente de todos os contornos dos jogos sociais da época, Rubião logo se torna uma das atrações locais da elite, desde os mais interesseiros até os mais curiosos, afinal, que novo herdeiro é esse que surgiu dos cantos mais remotos de Minas Gerais?


Se tem duas coisas que eu amo, ela são: A obra de Machado de Assis e os livros da Antofágica, logo, quando ela anuncia uma publicação do bruxo do velho e cosme, meu coração já fica quentinho. Minha relação com Machado é um tanto complicada, pois só passei a gostar de seus livros na faculdade, pois tive um amparo maior para entender seus nuances e a importância de seus livros para a literatura mundial. 

Machado gosta, entre inúmeras coisas, de trabalhar com micro-cosmos em suas narrativas, elas podem funcionar como espelhos distorcidos da própria realidade, seja aumentando, comprimindo ou evidenciando detalhes que podem passar despercebidos por olhos menos atentos. Quincas Borba tem essa característica, mas vai muito além e oferece para nós, leitoras e leitores, uma ruptura do que conhecemos da obra Machadiana. 


Pra começar, aqui temos um narrador em terceira pessoa, ao contrário dos famosos narradores-personagens - como o Bentinho e póstumo Brás Cubas (que descanse em paz), e isso foi um dos pontos que mais me surpreendeu durante a leitura de Quincas Borba!

"Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas!"

Essa frase permeia toda a leitura de Quincas Borba, no começo eu não fazia ideia do que o falecido filósofo queria dizer com isso, afinal sua figura é pintada com uma dose de loucura e a filosofia que o personagem cria em seus últimos dias, o humanitismo, parece muito absurda em diversos sentidos, mas conforme vamos lendo o livro, as peças vão se encaixando e eu pude (mais uma vez) apreciar a genialidade de Machado! 

Deixo a interpretação dessa frase e de toda a corrente de pseudo-ciência que o Quincas cria para você, que leu ou vá ler, interpretar e vir falar comigo depois! Uma dica: em muito conversa com a sociedade do século XIX e XX e todas as correntes filosóficas que estavam sendo construídos na época. 


E a partir daí podemos entrar no assunto: Machado era sim um autor que criticava a sociedade ao seu redor, já que muitos dizem que o autor não adotava um tom mais severo para ser aceito na elite carioca. Na verdade, Machado era mais sutil em sua abordagem, mas ao mesmo tempo era preciso e incisivo, colocando no cenário de suas histórias personagens que pouco se importavam com a questão do trabalho (visto que muitos herdavam fortunas e serviam a sociedade do tédio) e eram tomados por interesses e "ismos" - como o próprio humanitísmo. 


Por fim, nem preciso dizer o quanto eu amei esse livro! E a editora Antofágica realmente trouxe uma equipe de peso para tornar essa história ainda mais complexa e atualizada. Pra começar, as ilustrações impecáveis de Samuel de Saboia nos fazem entrar na história e mergulhar em toda sua poesia satírica e doida. Além disso, a edição conta com prefácio de ninguém menos que Emicida, que te ajuda a entender a grandiosidade do que você está prestes a ler, e também com uma série de posfácios que ampliam sua compreensão do texto lido. 


Como se não fosse suficiente, a Antô ainda lançou dois vídeos no YouTube com videoaulas da obra! As duas aulas (uma para assistir antes da obra e outra depois) foram regidas pelo professor e crítico literário Rogério Fernandes dos Santos e são impecáveis! Me apoiei muito no que ele diz pra escrever essa resenha! Por fim, indico essa leitura e também a conhecerem o trabalho da editora Antofágica, da qual falo tão bem por aqui!




 


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Leonardo Santos



Olá leitories! Meu nome é Leonardo Santos, tenho 28 anos, sou de São Paulo mas atualmente estou em Guarulhos cursando Letras! Minha paixão pela leitura começou desde muito cedo, e é um prazer compartilhar minhas leituras e experiência com vocês!

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