Olá pessoal do Porão Literário! Hoje vou compartilhar com vocês três motivos para ler Regresso sem saudade, lançado pela editora Patriani. O livro é de autoria de Marilia Andreä. Compre o livro clicando aqui.
Regresso sem saudade narra a história de Madalena desde a mais tenra idade até hoje. “Criada para obedecer calada”, essa voz ecoa do casebre de sua primeira infância e puberdade até a idade adulta, ilustrando a vida de milhões de seres humanos fadados a morrer na penúria. Debatendo-se entre angústias e aflições, a protagonista procura, a qualquer custo, libertar-se dos grilhões a que se vê predestinada, buscando na linguagem, como processo terapêutico, uma forma de mitigar as dores tão presentes em seu passado e uma possibilidade de vislumbrar e materializar o seu próprio eu tomado de desconforto, para moldá-lo, por fim, em outras paragens distantes de todos os seus males. A narrativa de Madalena esbarra, por um lado, na passagem do tempo histórico, com a vida se transformando; por outro lado, no espaço íntimo dessa mulher. Sua escritura é constituída de momentos de intenso sofrimento, medo e desespero, mas também de muita ternura e luta por uma mudança nas limitações da vida familiar e da desigualdade social brasileira. Sua história é de redenção, pois termina perdoando os responsáveis por tantos sofrimentos: sua mãe e seu pai. Acima de tudo, a autora, consegue se libertar da violência e de traumas e, com força e persistência, construir uma nova história para ela e seus filhos.
1. Uma narrativa que não se esquiva da verdade
Regresso sem saudade não é um livro que quer ser bonito ou confortável. Marilia Andreä entrega uma história que dói, que aperta o coração, sem tentar suavizar a realidade de Madalena. A infância marcada pela violência, a mãe que impõe silêncio e medo, o pai carregando uma violência que atravessa gerações — tudo isso é contado com uma franqueza que não deixa espaço para qualquer romantização. Essa honestidade brutal é o que torna o livro tão potente.
2. A linguagem como ferramenta de reconstrução
O que mais chama atenção no livro é a forma como a protagonista encontra na palavra um lugar de cura e resistência. Madalena usa a escrita para nomear dores que durante muito tempo foram caladas, guardadas como segredo doloroso. Essa busca pela própria voz, num ambiente que tentou silenciá-la, é emocionante e mostra a força da literatura como meio de transformação. A narrativa tropeça nas próprias feridas, mostrando que a reconstrução pessoal é um processo cheio de altos e baixos. A cada página, sentimos a coragem de Madalena para enfrentar seu passado e entender os fantasmas que a acompanham.
3. Uma história de dor, mas também de esperança e perdão
Apesar do cenário pesado, o livro não se limita ao sofrimento. Por trás das cicatrizes, surge a ternura e a possibilidade de recomeço. A escolha de Madalena em perdoar seus pais, apesar da dor que eles causaram, é um ato consciente e poderoso. Não é um perdão fácil ou simplista, mas uma forma de libertação que ressoa ao longo da narrativa. Essa decisão reforça o quanto a obra vai além do relato pessoal: ela fala sobre o desejo de romper ciclos de violência e sobre a esperança real de construir uma vida diferente. A leitura deixa a sensação de que ouvir histórias como essa é fundamental para que outras vozes possam se erguer e se libertar.
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